Ao longe se via a figura de uma garota de cabelos encaracolados vindo da estação de trem Temps Carmine. Bonnie vinha com uma mochila de lado e uma de rodinhas. Sua roupa estava com um pouco de pó e alguns poucos fragmentos de pedra resultante de uma explosão que sobrevivera. Ao atravessar o Portão Principal observou a fachada do prédio antigo - uma mansão, quase um castelo, com torres e corredores tão extensos que não se via o fim. A recepção estava um pouco distante, uns 4m do local onde Bonnie havia parado. Ao seu redor estava lírios e papoulas vermelhas, rosas brancas e negras misturavam-se, orquídeas subiam os altos muros ao lado de outras plantas que também tentavam alcançar seu fim.
Bonnie decidiu dar uma volta pelas dependências do local antes de se dirigir para seu dormitório. Ela já conhecia os aposentos, pois seus pais já lhe haviam contado sobre sua ida ao Saint Louis, mas antes disso, ela deixou uma “lembrancinha”para os professores e demais alunos de sua antiga escola.***
- Onde está aquela delinqüente juvenil?! - gritava Conceição por entre os corredores - Deveria ter chegado há 2hrs atrás, no trem das 12:00h junto com aquele outro fedelho!
A diretora e supervisora da Academia estava furiosa, pois já sabia o motivo da rápida transferência da garota.
-Tenho péssimos pressentimentos sobre a chegada desses novos alunos...
Num átimo, Conceição se dirigiu à grande escadaria, rumo ao corredor à a direita.
***
Bonnie observava o vasto jardim enquanto suas mãos tocavam as bananas de dinamite que trouxera em sua bolsa. Estava agachada examinado os diferentes tipos de plantas alí, por isso viu quando um ser pequeno, escuro, de uns 30cm, orelhas pontudas e de olhos azuis escuros brilhantes, passou correndo por entre os arbustos. Sua vista ficou negra no mesmo instante. Bonnie se viu num jardim totalmente diferente do que estava anteriormente: a grama e as árvores estavam secas, os bancos e colunas eram antigos e rachados; porém, apesar do ambiente desolado, rosas de um vermelho profundo, como sangue, cobriam os muros e uma porta. Também envolviam uma fonte no meio do lugar. Estava a noite e Bonnie pôde observar a lua cheia e sentir uma brisa refrescante. Algo a cutucou e ela percebeu que estava sentada de novo no jardim da entrada da Academia. O duende percebeu que ela acordara e saiu em disparada. Bonnie correu atrás dele e talvez conseguisse alcançá-lo se não fosse uma voz estridente gritando-lhe de longe.
-Senhorita Bittencourt!
Bonnie se virou e viu Conceição andando apressada até ela.
-Aonde a senhorita acha que vai?! Estive a sua espera há quase 2:30 hrs! Seus pais nos informaram que chegaria no trem das 12:00h! Por que não se apresentou à recepção?!
-Posso saber quem é a senhora? - perguntou Bonnie ao se levantar, sem parar de procurar a criatura com os olhos.
Conceição fitou a garota com os olhos flamejantes.
-Sou Conceição Mackenzie, diretora e supervisora do prédio Norte.
Bonnie diria: "E eu com isso?", porém respondeu apenas:
-Prazer. Não é necessário que se preocupe comigo, pois sei me cuidar, okay? Já sei onde são meus aposentos e o número de meu quarto. Já estive aqui com meus pais, então não preciso que fique atrás de mim.
-Olha com fala, sua fedelha. Sou a diretora deste prédio e se continuar com esse comportamento será rapidamente expulsa desse lugar, não importando o quanto seus pais possam pagar! Agora me mostre sua bolsa!
-Err...- Bonnie suou frio - O que você quer com minha bolsa?!
-Não seja sonsa! Sei que explodiu o seu antigo colégio antes de vir para cá, fui informada agora a pouco, o que justifica sua roupa empoeirada. E ainda pinchou o muro que restou com: "Bonnie NÃO esteve aqui".
-Ora, não é prova o suficiente de que não havia sido eu?
-Não seja ridícula. Dê-me sua bolsa!
Bonnie entregou a bolsa pesarosa. "O que poderia acontecer se ela descobrisse?". Conceição abriu a bolsa, porém encontrou a penas um caderno.
A diretora olhou desconfiada para a menina ao constatar que em sua bolsa havia apenas alguns cadernos e um lápis.
- Vá imediatamente para seus aposentos e troque-se. O Reitor deseja falar-lhe após o jantar, que será no prédio Central. Não falte, ouviu? - disse segurando o braço da garota.
Bonnie puxou seu braço para si e encarou a diretora com raiva. Conceição apenas deu um sorriso de canto e se retirou. A garota olhou para dentro de sua bolsa e não encontrou as dinamites. Nervosa, procurou com os olhos a estranha criatura, que já devia estar bem longe. "O que aquilo quer com minhas dinamites...?"
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